quarta-feira, 8 de abril de 2009
Espiritismo kardecista
A expressão, criada no Brasil, refere-se à Doutrina espírita como codificada por Allan Kardec e, assim como o neologismo "Kardecismo", é vivamente repudiada por adeptos mais ortodoxos da doutrina.
As expressões nasceram da necessidade de alguns em distinguir o "Espiritismo" (como originalmente definido por Kardec) dos cultos afro-brasileiros, como a Umbanda. Estes últimos, discriminados e perseguidos em vários momentos da história recente do Brasil, passaram a se auto-intitular espíritas (em determinado momento com o apoio da Federação Espírita Brasileira), num anseio por legitimar e consolidar este movimento religioso, devido à proximidade existente entre certos conceitos e práticas destas doutrinas. Seguidores mais ortodoxos de Kardec, entretanto, não gostaram de ver a sua prática associada aos cultos afro-brasileiros, surgindo assim o termo "espírita kardecista" para distinguí-los dos que passaram a ser denominados como "espíritas umbandistas".
Alguns adeptos de Kardec entendem que o espiritismo, como corpo doutrinário, é um só - aquele que foi codificado por Allan Kardec - o que tornaria redundante o uso do termo "espiritismo kardecista". Assim, ao seguirem estritamente os ensinamentos codificados por Kardec nas obras básicas (a "Codificação"), sem a interferência de qualquer outra linha de pensamento que não tenha sido a originalmente codificada, ou ao menos prevista pelo codificador, denominam-se simplesmente "espíritas", sem o complemento "kardecista". A própria obra invalida o emprego de outras expressões como "kardecista", definindo que os ensinamentos codificados, em sua essência, não se ligam à figura única de um homem, como ocorre com o cristianismo ou o budismo, mas a uma coletividade de espíritos que se manifestaram através de diversos médiuns naquele momento histórico, e que se esperava continuassem a comunicar, fazendo com que aquele próprio corpo doutrinário se mantivesse em constante processo evolutivo, o que não se verificou: as obras básicas da Codificação permanecem inalteradas desde então.
Históricamente, no Brasil, existiram ainda conflitos entre "kardecistas" e "roustainguistas", consoante a admissão ou não dos postulados da obra "Os Quatro Evangelhos", de Jean-Baptiste Roustaing, nomeadamente acerca da natureza do corpo de Jesus. Para os chamados "roustainguistas" Jesus teve um corpo fluídico, não material, já o os ditos "kardecistas" acreditam que Jesus possuia um corpo de carne como de qualquer ser humano.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário